O acolhido fez 18 anos e precisa deixar a instituição, e agora?

Projeto Construtores do Amanhã promove competências para uma vida autônoma quando chega o momento do desacolhimento

É isso aí: ao completar 18 anos, o jovem em situação de acolhimento, por lei, tem de deixar a instituição em que mora. Ainda que ele vá para uma República Jovem, serviço da prefeitura que oferece proteção social para quem tem de 18 a 21 anos, é necessário, como se diz, que ele esteja apto para andar com as próprias pernas. “Este é um dos maiores desafios de um Saica – preparar os adolescentes que não tiveram como ser reintegrados ao convívio familiar, prioritariamente na família de origem ou então em uma família substituta, para uma vida autossustentável e autônoma”, diz Valéria Gerolamo, Gerente Geral da Casa da Criança e do Adolescente de Santo Amaro (CCASA), instituição que mantém três serviços de acolhimento institucional (Saicas) na Região Sul de São Paulo, além de dois Centros para Crianças e Adolescentes (CCAs).

Gestor, equipe técnica (assistente social, pedagogo e psicólogo) e educadores dos Saicas trabalham diuturnamente com os de 14 a 17 anos a fim de que possam lidar com o desacolhimento, mas os desafios são muitos: ter uma fonte de renda, saber administrar o próprio dinheiro, conhecer seus direitos e deveres, poder realizar as rotinas burocráticas tais como solicitar uma ligação de energia, abrir uma conta bancária, organizar uma casa…

Diante desse enorme desafio, a CCASA iniciou este ano o projeto Construtores do Amanhã, que complementa o trabalho já desenvolvido nos Saicas em prol da autonomia dos adolescentes. O público-alvo são quinze acolhidos de 14 a 17 anos e 11 meses que, de janeiro julho de 2025, participam de oficinas, palestras, dinâmicas práticas (algumas delas em saídas pela cidade) e rodas de conversa em torno dos seguintes eixos:

  1. Autonomia: como eu me vejo, como eu me organizo e como eu me comunico com o mundo;
  2. Cidadania e comunidade: quais são meus direitos e deveres, onde estou inserido, como consigo realizar tarefas burocráticas necessárias ao sistema, como me locomovo para as ações;
  3. Educação financeira: como lido com o dinheiro, valor afetivo e preço das coisas, perigos do crédito, como administro meu próprio recurso;
  4. Geração de renda: a dinâmica de um emprego formal, outras formas de geração de renda possíveis.

Para a realização do projeto, foram contratados profissionais externos qualificados e com experiência profissional com crianças e adolescentes. Eles ministram as atividades fora do horário de aulas. O Construtores do Amanhã contempla ainda:

  • três conversas individuais com psicólogo por atendido;
  • três saídas para visitas a espaços culturais e/ou icônicos da cidade de São Paulo;
  • entrega de planilha de orçamento pessoal e de um planejamento de gastos;
  • encaminhamento para o primeiro trabalho aos que têm mais de 14 anos;
  • plano de desacolhimento elaborado em conjunto por equipe do projeto e equipe do Saica.

O Projeto Construtores do Amanhã está sendo feito com recursos provenientes de emenda parlamentar indicada pelo Deputado Federal Vicentinho (@vicentinho_pt) em termo firmado por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) junto à Prefeitura de São Paulo.

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