Qual o papel do pedagogo em um acolhimento?

Profissional estrutura, junto com os educadores sociais, a rotina das crianças e adolescentes no serviço

Os Serviços de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saicas) devem ter equipe técnica com psicólogo, assistente social e pedagogo atuando em consonância, cada qual agregando conhecimentos específicos de sua área de conhecimento/formação.

O profissional com formação em Pedagogia é responsável, dentre outras coisas, por estruturar e acompanhar, em conjunto com os educadores sociais, a rotina do serviço de acolhimento no intuito de garantir que todas as necessidades e direitos das crianças e dos adolescentes sejam atendidos. Isso inclui, por exemplo, acesso a cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos segundo o artigo 71 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Delaine Conceição Dias, pedagoga em um dos quatro acolhimentos mantidos pela Casa da Criança e do Adolescente de Santo Amaro (CCASA), explica que todas as atividades que compõem a rotina são intencionais e têm propósitos claros. “Realizar uma festa de aniversário individualizada para um acolhido, por exemplo, em que ele pode escolher o tema que gostaria para a comemoração, é uma oportunidade para fazê-lo enxergar-se como sujeito único”, explica.

No que tange ao trabalho junto às famílias dos acolhidos (lembramos que “plano A” é o retorno das crianças e adolescentes ao núcleo familiar no menor tempo possível), o pedagogo atua como aquele da equipe que ajuda a identificar rotinas básicas que precisam ser estabelecidas dentro da realidade de cada composição para que o desacolhimento seja possível. E ele ensina, educa, a respeito disso.

A interface com a escola – todas as crianças e adolescentes acolhidos em idade escolar estão matriculados e frequentam uma instituição e de ensino – é outra das responsabilidades do pedagogo em um acolhimento. Além de cuidar das questões burocráticas referentes à matrícula, o profissional participa de reuniões na escola, identifica possíveis dificuldades no processo global de aprendizagem global, atua propondo ajustes e intervenções necessárias do ponto de vista de sua área de conhecimento. Tudo isso é feito a partir da escuta ativa dos múltiplos atores, incluindo é claro, as próprias crianças e adolescentes, e em alinhamento com os demais colegas da equipe técnica.

Voltando à questão da rotina dos acolhimentos, neles acontecem dinâmicas socioeducativas para tratar de temas como a prevenção do suicídio, a violência contra a mulher, o abuso de substâncias e outros assuntos pertinentes. Há ainda atividades cujo propósito é a integração entre os acolhidos, a diversão, como uma noite da pizza acompanhada de um filme bacana ou confeccionar artesanato com sucata. Por trás de tudo isso, está o pedagogo do serviço agregando ao time esse olhar, digamos, didático.

Também enriquecem o dia a dia das crianças e adolescentes da CCASA muitas saídas, especialmente nos finais de semana. Eles frequentam espaços públicos como parques, vão ao cinema, praticam esportes. Em geral, essas atividades são proporcionadas em cooperação com empresas ou pessoas físicas que as patrocinam.

Atividades promovem integração entre os acolhidos e divertem

“É muito gratificante o trabalho que realizamos: acompanhar uma criança ou adolescente que não acreditava em si enxergar sua potência e se desenvolver, conquistar sua autonomia”, declara Delaine. “Recentemente tive contato com uma jovem que foi acolhida em um Saica. Ela foi um grande desafio, deu bastante trabalho. Hoje ela formou sua própria família, está casada, tem uma filha. Vale a pena, faz sentido.”

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