Dá trabalho!

Com 18 anos, jovens em situação de acolhimento devem, por lei, deixar a instituição – empresas parceiras da CCASA garantem que eles estejam empregados

O Akkí Atacadista é uma das empresas que direcionam vagas de Jovem Aprendiz para adolescentes em situação de acolhimento da Casa da Criança e do Adolescente de Santo Amaro (CCASA). “Como organização, é uma das formas que temos de contribuir para uma sociedade mais inclusiva, mais justa. Também fazemos doações para ONGs, mas, ao abrir vagas para pessoas em situação mais vulnerável, entendemos que transformamos uma realidade”, explica Thaís de Lima Santos, Gerente de Recursos Humanos do Akkí Atacadista.

A partir dos 14 anos, já é possível ingressar no mercado de trabalho na modalidade de Jovem Aprendiz – carga horária de até 30 horas semanais. Como todos os acolhidos frequentam a escola, eles cumprem esse requisito básico para contratação. Além disso, boa parte deles participa de programas que os preparam para o ambiente corporativo. A Tokio Marine, por exemplo, possui o Projeto Sementes do Brasil, que inclui capacitação seguida de mentoria e possível contratação ao final. Tania*, que tem 17 anos, mora no Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saica 2) da CCASA e desde os 16 atua na área de vendas dessa seguradora, diz: “Tenho aprendido demais, principalmente a acreditar que sou capaz, a ter responsabilidade. Nada vem sem suor”. O Instituto Professus, ONG que atua com coaching voltado à empregabilidade, inicia em outubro de 2023 mentoria individual com mais de uma dezena de adolescentes acolhidos e atendidos pela CCASA.

Além do Akkí Atacadista e da Tokio Marine, outras empresas e ONGs parceiras da CCASA têm contribuído para que os jovens em situação de acolhimento ingressem no mercado de trabalho: Instituto Devolver, Inova, Parada Advogados, Tivit, Vitrine Hair Studio, Viang Space e outras. “Essas parcerias são essenciais para a construção da autonomia e da independência dos adolescentes. Por lei, quando completam 18 anos, os que moram em acolhimentos precisam deixar a instituição. Se não estão empregados, não têm alguma renda, é, literalmente, insustentável. Fazemos o possível para que todos tenham condições para seguir com dignidade, para que tenham uma vida autônoma”, explica Valéria Gerolamo, Gerente Geral da CCASA.

Em tempo: o documentário “Meus 18 anos”, disponível na plataforma Globoplay, acompanha a trajetória de jovens ao deixarem acolhimentos institucionais nessa idade.

*O nome dela foi alterado para preservar sua identidade.

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